Redução de viagens de ônibus no Rio causa filas e reclamações em pontos finais
17/07/2025
(Foto: Reprodução) Redução de viagens de ônibus no Rio causa filas e reclamações em pontos finais
A reestruturação das linhas municipais de ônibus do Rio de Janeiro, que prevê a redução de cerca de 20% das viagens em circulação, já está sendo sentida nas ruas — especialmente nos pontos finais, que ficaram mais movimentados. A medida é parte da estratégia da Prefeitura para diminuir o número de ônibus circulando quase vazios fora dos horários de pico.
Na linha 107, que liga a Central do Brasil à Urca, a redução foi ainda maior: cerca de 30% das viagens foram cortadas. No ponto final no bairro da Urca, o cenário é de coletivos estacionados e passageiros esperando, com paciência cada vez mais curta.
A reportagem do RJ2 esteve na Urca por volta das 15h, horário que a Prefeitura chama de "entrepico", quando tem menos gente circulando na cidade. Por possível constatar ali vários ônibus parados no ponto justamente pra tentar diminuir essa circulação, aparentemente reduzindo o subsídio que é pago pela Prefeitura às empresas.
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Mas outro efeito da medida foi ver passageiros esperando e reclamando. "Um monte de ônibus parado e todo mundo aqui aguardando o quê? A hora passar pra chegar mais tarde em casa? Isso é muito ruim mesmo", reclamou a copeira Claudete de Lima.
A proposta do município é remanejar a frota: reduzir a oferta em horários de baixa demanda e reforçar nos horários de pico. Mas, com a nova organização, há casos em que motoristas permanecem até uma hora e meia parados antes de iniciar a próxima viagem.
"Nem eles estão conseguindo se coordenar. Então a gente não tem horário específico pra ter uma noção e se basear pra vir pegar o ônibus. Não era bom, tá péssimo", criticou a diarista Maria Nália.
As queixas vêm também de moradores da região. No ponto final, há placas determinando que apenas dois ônibus podem permanecer parados. Com a mudança na circulação, esse limite é ignorado, e os veículos se espalham pelas ruas, causando transtornos.
"Começou uma buzinaria aqui desde ontem, que os carros ficam esperando os ônibus entrarem. Ou seja, não atende o passageiro e não atende a gente. É um problema óbvio. Aonde ficam os ônibus nos intervalos?", questionou o aposentado Carlos Rodrigues.
Para as empresas de ônibus, a logística está longe de ser simples.
"Está muito difícil conseguir operacionalizar essa operação porque aumentaram viagens em determinadas horas, e reduziram bastante em outras. Então, a logística de como deslocar os ônibus de lá pra cá pra fazer o atendimento é extremamente complicada. As empresas estão vendo como farão pra atender e estão em contato com a Secretaria pra levar aí algumas coisas que a gente acha que não tem como operar", afirmou Paulo Valente, porta-voz do Rio Ônibus.
Segundo a Prefeitura, durante a madrugada o número de viagens, ao contrário do restante do dia, vai aumentar, com partidas previstas de hora em hora. Mas muitos passageiros ainda não perceberam essa melhoria.
"Eu fiquei agora uma hora esperando a condução até a Central e com a garantia de que tem essa linha de kombi parada lá durante a madrugada. Porque, se não, eu teria que ficar em Botafogo, dormir no trabalho, como eu já fiz várias vezes, pra poder voltar pra casa", contou a recepcionista Rafaela Manhani.
"Normalmente eu esperava no máximo dez minutos. Já tô aqui literalmente há 22 minutos e até agora não passou nenhum. Normalmente, nesse momento já tô chegando na minha casa. E até agora não passou nenhum ônibus", relatou a manicure Maria José Serafim Freitas.
"Já tô aqui há um tempão. Tá horrível. Diminuíram muito. Foi a pior coisa que fizeram na vida. Não sei da onde tiraram isso. E nós, trabalhadores, é que sofremos", criticou a agente de saúde bucal Marilene Mendes.
A Secretaria Municipal de Transportes informou que o planejamento das linhas está sendo feito quinzenalmente e pode ser ajustado conforme a demanda ou eventuais problemas identificados.
Fila de ônibus em ponto da Urca, na Zona Sul do Rio, após reorganização de viagens promovida pela Prefeitura
Reprodução/RJ2