Quem é a economista que divulgou dados de empregos nos EUA e foi demitida por Trump, irritado com resultado

  • 03/08/2025
(Foto: Reprodução)
Trump demite autoridade trabalhista dos EUA por dados Donald Trump demitiu na última sexta-feira (1º) – e de forma barulhenta – Erika McEntarfer, líder da agência responsável pelo relatório mensal de empregos dos EUA, cargo que costuma ser exercido longe dos holofotes. Funcionária pública de longa data, ela foi alvo do descontentamento de Trump após dados divulgados no mesmo dia apontarem desaceleração nas contratações em julho e revisões para baixo em maio e junho (veja mais abaixo os detalhes dos dados). Sem apresentar provas, ele a acusou de manipular números e ressaltou que Erika foi indicada por Joe Biden. “Precisamos de números de emprego precisos. Ordenei à minha equipe que demitisse essa indicada política de Biden, IMEDIATAMENTE. Ela será substituída por alguém muito mais competente e qualificado”, publicou Trump em sua rede Truth Social. Erika McEntarfer e Donald Trump Reuters e Alex Brandon/ AP Erika era líder do Bureau of Labor Statistics (BLS, ou Departamento do Trabalho dos Estados Unidos) há um ano e meio. Erika ocupou o posto devido a sua formação robusta em economia. Ela já trabalhou no Centro de Estudos Econômicos do Census Bureau, no Departamento do Tesouro (setor de política tributária) e no Conselho de Assessores Econômicos da Casa Branca, sempre em funções não políticas. Além disso, possui bacharelado em Ciências Sociais pela Bard College e doutorado em Economia pelo Virginia Polytechnic Institute and State University (Virginia Tech). Sua linha de pesquisa era focada em perda de emprego, aposentadoria, mobilidade do trabalhador e rigidez salarial. Experiência de Erika McEntarfer no LinkedIn Reprodução/LinkedIn McEntarfer foi indicada em 2023 para chefiar o BLS, sendo recomendada pelo Comitê do Senado de Saúde, Educação, Trabalho e Previdência para votação no plenário. Em janeiro do ano seguinte, por uma votação de 86 a 8 no Senado americano, ela foi confirmada ao posto. 🔴 Entre os senadores republicanos que votaram para confirmá-la estavam, por exemplo, JD Vance (agora vice-presidente de Trump) e Marco Rubio (atualmente secretário de Estado). Um grupo chamado Friends of the BLS, composto por ex-comissários, membros de associações estatísticas e economistas credenciados, afirmou que a formação de McEntarfer a tornava uma excelente escolha para o cargo. “As várias razões para confirmar rapidamente McEntarfer como nova líder do BLS se resumem a isto: a agência, assim como o sistema estatístico inteiro, atravessa um período intenso de mudanças, e a vasta experiência de pesquisa e estatística dela a habilita a ser a líder que o departamento precisa para enfrentar esses desafios”, escreveram. Antigos colegas criticam sua demissão William Beach, ex-líder do BLS – nomeado por Trump em 2019 e que ficou no cargo até 2023 durante a administração de Joe Biden –, afirmou que a demissão dela é “sem fundamento” e disse em uma postagem na rede X (antigo Twitter) que ela “estabelece um precedente perigoso e mina a missão estatística da agência”. A ex-economista-chefe do Departamento do Trabalho, Sarah J. Glynn, disse que Erika sempre explicava com clareza os dados do BLS, corrigindo interpretações equivocadas e evitando opinar sobre como o governo deveria apresentá-los. “Ela tinha uma reputação impecável como alguém preocupada com a exatidão dos dados, e não como alguém que dá conotação política ao seu trabalho”, afirmou Glynn. Heather Boushey, pesquisadora sênior da Universidade Harvard, trabalhou com Erika no Conselho de Assessores Econômicos da Casa Branca e disse que ela nunca falava sobre política no trabalho. “Ela aparecia diariamente focada na melhor análise e na melhor abordagem do campo dela, sem se envolver com política. Foi isso que vi repetidamente. Ela é brilhante e respeitada entre economistas” disse Boushey. “Erika não vinha ao meu escritório para falar de política nem das implicações políticas de nada. Definitivamente não participava desse tipo de discussão.” Preocupações com os dados A Secretaria de Estatísticas Trabalhistas divulgou que a economia dos EUA criou apenas 73 mil empregos em julho. Mais impressionantes, porém, foram as revisões para baixo dos meses anteriores, que mostraram 258 mil empregos a menos em maio e junho do que os dados inicialmente reportados. A taxa de desemprego subiu para 4,2% em julho, e o país criou apenas 73 mil novas vagas no mês — abaixo das expectativas dos analistas. O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump REUTERS/Ken Cedeno Um funcionário da administração Trump, que pediu anonimato, disse que, embora todos os dados econômicos tenham certa variação, a Casa Branca está insatisfeita com o tamanho das revisões recentes e com a queda nas respostas às pesquisas. O problema, segundo ele, começou durante a pandemia de COVID e não foi resolvido desde então. “Existem esses problemas subjacentes que estão se acumulando há anos e que não foram corrigidos”, disse o funcionário. “Os mercados, as empresas e o governo precisam de dados precisos e, tipo, simplesmente não estávamos recebendo isso.” A agência estatística já reduziu a coleta de dados para os relatórios de preços ao consumidor e ao produtor, alegando limitações de recursos. A pesquisa de emprego é baseada em cerca de 121 mil empresas e agências governamentais, representando aproximadamente 631 mil locais de trabalho. A taxa de resposta caiu de 80,3% em outubro de 2020 para cerca de 67,1% em julho, segundo dados da Secretaria de Estatísticas Trabalhistas dos Estados Unidos. Uma pesquisa da Reuters no mês passado revelou que 89 de 100 principais especialistas em políticas tinham ao menos alguma preocupação com a qualidade dos dados econômicos dos EUA, com a maioria também preocupada com a falta de ação urgente das autoridades para enfrentar o problema. Além das preocupações com os dados de emprego, cortes de pessoal no BLS também resultaram em redução na abrangência da coleta de dados para o Índice de Preços ao Consumidor — um dos indicadores mais importantes da inflação nos EUA, acompanhado de perto por investidores e formuladores de políticas ao redor do mundo. A atitude de Trump gerou receios de que a política possa passar a influenciar a coleta e divulgação de dados econômicos. “Politizar estatísticas econômicas é um ato autodestrutivo”, disse Michael Madowitz, economista-chefe do Roosevelt Institute's Roosevelt Forward. “A credibilidade é muito mais fácil de perder do que de reconstruir, e a credibilidade dos dados econômicos dos EUA é a base sobre a qual construímos a economia mais forte do mundo. Cegar o público sobre o estado da economia tem um histórico conhecido — e nunca termina bem.” Trump diz que não planeja demitir Powell, mas volta a pressionar Fed por juros mais baixos *Com informações da Associated Press e Reuters

FONTE: https://g1.globo.com/mundo/noticia/2025/08/03/quem-e-erika-mcentarfer-chefe-do-departamento-do-trabalho-dos-eua-demitida-por-trump-apos-ele-nao-gostar-dos-dados-divulgados-pelo-setor.ghtml


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