Do mar para a vida: como a canoa havaiana transforma o futuro de jovens no Rio

  • 10/07/2025
(Foto: Reprodução)
Guanabara Va’a proporciona um novo olhar para o esporte, a inclusão e a cidadania pela prática da canoa havaiana Jovens de comunidades cariocas aprendem a remar e ganham novas perspectivas de vida Divulgação Sincronia, disciplina, respeito e amor à baía da Guanabara. Por trás das remadas firmes que cruzam o mar do Rio de Janeiro, histórias de transformação, reencontros com a cidade e com a própria identidade ganham protagonismo. E é isso que move o projeto Guanabara Va’a, criado por Maíra Pita e Luiz Marcelo Malzone, dois apaixonados pelo mar que decidiram usar a canoa havaiana para transformar realidades. A dupla tem histórias diferentes com o oceano - mas foi nele que elas se cruzaram. Maíra é psicóloga e aprendeu a nadar aos 35 anos, pois queria desfrutar com mais liberdade do mar de Copacabana, seu vizinho. Da natação, migrou para o stand up paddle e logo para a canoa, onde começou a competir. “Não era nada competitiva, nem ligada aos esportes, mas me descobri atleta”, diverte-se. Já o economista Luiz, conta que viveu décadas entre planilhas e rotina de escritório antes de mudar o rumo. Ele, que sempre gostou de esportes e praticava surf, começou a remar há 20 anos. “Eu ia diariamente para a Praia Vermelha de manhã e voltava pra Barra pra trabalhar. Essa rotina e disciplina que a canoa me deu se fundiu com minha vida pessoal e profissional. O Va’a virou estilo de vida”, conta. Foi durante uma prática esportiva, perto do Pão de Açúcar, que os remos de Maíra e Luiz se cruzaram pela primeira vez. Ela estava com uma amiga, fazendo fotos com a belíssima paisagem carioca de cenário. A imagem foi parar no Instagram de Luiz, veio a troca de mensagens e o encontro que mudaria o rumo de tudo. Projeto que nasceu de uma paixão em comum Os dois apaixonados pelo mar, pelo esporte e pelo Rio de Janeiro construíram um relacionamento que teve a Baía da Guanabara de pano de fundo. Pouco mais de um ano depois, o casal embarcou de vez em uma mudança de rota. Ao abrirem mão de suas antigas carreiras, o casal investiu na criação do clube Guanabara Va’a e passou a dedicar-se inteiramente ao esporte. Da prática, vieram os títulos: Maíra é campeã brasileira nas categorias V1 e V3, Luiz é campeão panamericano na V6 e V3. E, das remadas, veio uma nova missão de vida. Hoje, o maior triunfo do clube está fora dos pódios e sim no impacto que o Guanabara Va’a tem nas vidas de jovens de comunidades como Maré, Pavuna e Complexo do Alemão. Mais do que um esporte Guanabara Va’a é um clube mas é, também, projeto social. Três vezes por semana, oferece aulas gratuitas para jovens de 14 a 19 anos que, mesmo morando próximos ao mar, dificilmente têm acesso a ele. No Aterro do Flamengo, os alunos ressignificam sua relação com o meio ambiente, o espaço público e a própria cidade. São turmas mistas, onde o foco vai além da técnica. O trabalho é desenvolvido em três pilares: desempenho esportivo, transformação pessoal e integração social. E é ali, dentro da canoa, que muitos jovens aprendem sobre convivência, escuta, resiliência. “Eles se veem como iguais. Às vezes aquele que chega com um ar mais desafiador, ali dentro muda de postura”, relata Luiz. Ao final, uma roda de conversas aprofunda ainda mais os valores do esporte e da convivência com os jovens. O projeto já atendeu mais de 80 atletas. “Temos limitações de vaga e apoio. Mas eles voltam. Participam das turmas, ajudam nos treinos, se tornam referência pros mais novos”, acrescenta. Transformação que se multiplica Sem patrocínio fixo, o Guanabara Va’a conta com o apoio espontâneo de alunos pagantes e parceiros. “Uma aluna que é dentista doou um aparelho ortodôntico pra um deles. Outro perdeu o celular no mar e ganhou um novo. A rede se forma naturalmente”, conta Maíra. A alimentação saudável é tema constante nos treinos: o café da manhã coletivo, por exemplo, é preparado por eles mesmos com ingredientes acessíveis. Alguns jovens já trabalham no mar, ajudando na tenda de apoio aos nadadores ou sonhando com uma carreira em educação física. Dois deles, inclusive, foram destaque em um campeonato no Taiti, com direito a pódio internacional. O Rio visto de fora e de dentro Do mar, os jovens enxergam as comunidades de outro ângulo, mudando perspectivas de vida. Para muitos, só chegar até o Aterro já é uma conquista — vencendo o medo, o transporte, as barreiras sociais e, às vezes, até operações policiais. Ainda assim, o projeto quer crescer, se multiplicar. “A ideia é que mais clubes tenham esse viés social. Que a canoa não seja só um esporte elitizado, mas uma porta aberta pra juventude. Um caminho de liberdade, saúde e pertencimento”, afirma Luiz. Ver o nascer do sol da canoa muda a forma como se vê o Rio de Janeiro. “Quando estamos no mar, vemos um Rio silencioso, limpo, seguro. Aí a gente se questiona: porquê o Rio não pode ser um reflexo do que a gente vê de dentro da água? Com mais companheirismo, calma e respeito”, reflete Luiz. Maíra completa: “A canoa é metáfora da vida. Alguns dias, o mar está calmo, noutros, mais difícil - e assim é o dia a dia desses jovens. Com segurança, entrega e sintonia, vamos longe”. Novos caminhos que levam ao mar No Guanabara Va’a, o Rio encontra um novo ritmo. E os jovens, um novo horizonte. A região onde o grupo se encontra, uma das mais bonitas da cidade, voltou a ser point de banhistas e remadores, depois de décadas. Também pudera: banhada pelas águas da Baía de Guanabara e agraciada pela vista do Pão de Açúcar de um lado e do Cristo Redentor do outro, a Praia do Flamengo tem um visual incomparável. Desde 2023, tem estado própria para banho com frequência, segundo atestam os boletins de balneabilidade do Instituto Estadual do Ambiente (Inea). Bem ali pertinho, a Prainha da Glória também se tornou refúgio de visitantes que desejam curtir uma praia mais tranquila. E, além das pessoas que passaram a ocupar o local, outras frequentadoras são vistas com frequência por ali: as tartarugas marinhas. A Praia de Botafogo, antes imprópria, também apresentou seguidos relatórios de balneabilidade recentemente. Melhoria da qualidade da água na Baía de Guanabara é resultado de avanços importantes no saneamento básico da Zona Sul da capital . Divulgação Recuperação da Baía da Guanabara A melhoria da qualidade da água dessa parte da Baía de Guanabara é resultado de avanços importantes no saneamento básico da Zona Sul da capital. Entre as ações, estão recuperação de tubulações, estações de bombeamento, além da fiscalização do despejo irregular de esgoto nas redes pluviais que deságuam nas praias. A Águas do Rio assumiu os serviços de água e esgoto em 27 cidades fluminenses no final de 2021. Desde então, o trabalho da concessionária está focado em devolver espaços antes perdidos para a poluição. “O saneamento básico tem um papel muito importante nas cidades, mas nem todo mundo sabe do impacto ambiental que ele pode causar caso não aconteça a destinação adequada do esgoto. As reformas e modernizações do sistema de esgotamento sanitário, junto às ações de fiscalização, é o que está devolvendo essas praias para a população”, explica Renan Mendonça, diretor executivo da Águas do Rio. “Esse trabalho está sendo feito de forma gradual e abrangerá todo o território onde atuamos. Ao longo dos próximos anos, ainda veremos outras praias da baía sendo devolvidas aos cariocas”, completa. Com as intervenções da concessionária, a Baía de Guanabara já deixa de receber, diariamente, mais de 100 milhões de litros de água contaminada com esgoto. Ganha quem rema, ganha quem se banha.

FONTE: https://g1.globo.com/rj/rio-de-janeiro/especial-publicitario/rio-de-agora/noticia/2025/07/10/do-mar-para-a-vida-como-a-canoa-havaiana-transforma-o-futuro-de-jovens-no-rio.ghtml


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