Banco Master: Câmara de Campo Grande apura rombo milionário de aposentadoria de servidores públicos
04/12/2025
(Foto: Reprodução) PF vai apurar relação do banco Master com estados e municípios
A Câmara Municipal de Campo Grande criou uma comissão para acompanhar os desdobramentos da aplicação feita pelo Instituto Municipal de Previdência (IMPCG), no Banco Master. O banco está com as operações suspensas após sofrer liquidação extrajudicial determinada pelo Banco Central. O instituto investiu R$1,3 milhão de recursos previdenciários na instituição financeira.
O ato que cria a comissão foi publicado no Diário Oficial de Campo Grande (Diogrande) desta quinta-feira (4). A Câmara divulgou que já foram solicitados ao instituto documentos que embasam a decisão de investir no Banco Master, mesmo com indicativos de riscos. O prazo para envio da documentação é 10 de dezembro.
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A comissão especial também vai acompanhar outras aplicações feitas pelo instituto, além da ação judicial.
A aplicação do IMPCG
Ao todo, o IMPCG aplicou R$1.394.952,90 no Certificado de Depósito Bancário (CDB). O montante representa 2,77% da carteira de aplicações financeiras do instituto.
No CDB, o investidor aplica o dinheiro e o banco usas os recursos nas operações. No vencimento, devolve o dinheiro investido com juros. Se o banco ‘quebrar’, ou seja, entrar em falência, o Fundo Garantidor de Crédito cobre o valor.
Contudo, no caso do investimento feito pelo IMPCG, não há o fundo que garante o crédito.
Em nota, a Prefeitura de Campo Grande informou que as aplicações financeiras do IMPCG seguem as regras do Conselho Monetário Nacional e a Política Anual de Investimentos aprovada pelo Conselho Deliberativo do instituto.
Ainda conforme o município, à época do investimento, o Banco Master constava na lista oficial de instituições autorizadas pelo Ministério da Previdência Social e atendia ás normas vigentes. O investimento seria resgatado em abril de 2029, sem possibilidade de antecipação.
Na sexta-feira (28), o diretor-presidente do IMPCG, Marcos Tabosa, foi convocado pela Câmara Municipal para prestar esclarecimento e disse que vai acionar a Justiça Federal para recuperar o dinheiro.
"Se foi aplicado em fundo de investimento, seja fundo de investimento previdenciário, é possível que não receba nada", explica a economista Aline Pereira Moreira.
Caso a prefeitura não consiga resgatar o dinheiro, será necessário tirar dos cofres públicos para pagar os aposentados e pensionistas.
"A responsabilidade por honrar com os compromissos, seja eles pagamento de pensões, aposentadorias ou benefícios por incapacidade, ele é do garantidor, ou seja, nesse caso é do município", enfatiza o advogado previdenciário, Clayton Baeve.
O Tribunal de Contas do Estado (TCE) poderá apurar se o dinheiro investido no banco realmente seguiu as regras do Conselho Monetário Nacional.
Havendo algum desvio doloso ou culposo em relação a esse investimento que foi feito, o Tribunal de Contas certamente apurará isso, inclusive cobrando a responsabilidade pessoal de quem o fez", finaliza o advogado.
Prefeituras de MS aplicaram milhões no Master
A liquidação extrajudicial que suspendeu as operações do Banco Master ameaça recursos de servidores aposentados e pensionistas de outros quatro municípios de Mato Grosso do Sul.
Juntas, as prefeituras aplicaram R$15,7 milhões em recursos de fundos de previdência na instituição financeira e enfrentam incertezas sobre a recuperação dos valores.
Além de Campo Grande, os institutos de previdência de Jateí, Angélica, Fátima do Sul e São Gabriel do Oeste também escolherem o Banco Master para aplicar parte das receitas para obter retorno financeiro e recompor os caixas próprios para garantir a manutenção dos pagamentos de aposentados e pensionistas.
Veja a lista dos fundos previdenciários municipais de Mato Grosso do Sul com aplicações no Banco Master:
Fátima do Sul: R$ 7 milhões
São Gabriel do Oeste: R$ 3 milhões
Jateí: R$ 2,5 milhões
Angélica: R$ 2 milhões
Campo Grande: 1,2 milhão
Segundo o Ministério da Previdência, a posição dos dados é fruto de uma uma extração do Sistema de Informações dos Regimes Públicos de Previdência Social (Cadprev) de 1º de novembro deste ano.
Esses fundos fizeram essas aplicações entre outubro de 2023 e dezembro de 2024, segundo o governo.
De acordo com o balanço do banco Master, a instituição financeira começou a emitir essas letras financeiras em 2023.
O Master encerrou 2024 com R$ 2,1 bilhões captados por essas letras financeiras
O g1 entrou em contato com as prefeituras de Fátima do Sul, São Gabriel do Oeste, Jateí e Angélica, mas não obteve retorno até a última atualização desta reportagem.
Sede do Instituto Municipal de Previdência de Campo Grande - IMPCG
Adriel Mattos/G1 MS
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